quarta-feira, 25 de junho de 2014

Morador de rua cuida do serviço de limpeza de estádio da Copa em Porto Alegre

Entre centenas de funcionários temporários contratados pela Fifa para a Copa do Mundo no Beira-Rio, em Porto Alegre, poucos carregam a credencial da entidade como se fosse uma relíquia. Não se trata de orgulho por trabalhar para a entidade que comanda o futebol mundial, mas medo de ter de pagar uma "fortuna" de duzentos dólares em caso de perda. César Augusto Martins, trinta e um anos, não tira o crachá nem para dormir. No caso dele, no entanto, há um contexto que agrava a situação: ele é morador de rua e dorme embaixo do viaduto Otávio Rocha, no Centro da capital gaúcha.

Nascido em Uruguaiana, César é carpinteiro e se  inscreveu no Sistema Nacional de Empregos (Sine) para poder concorrer às vagas de serviço de limpeza do estádio. A única exigência era de que o candidato não tivesse ficha na polícia.

Conseguiu o trabalho e atualmente enfrenta um turno de doze horas de trabalho pela noite e madrugada na empresa contratada pela Fifa para o serviço, sete dias por semana, por uma remuneração mensal de oitocentos reais.

“Limpo os banheiros, os vidros, limpo o estádio por dentro e por fora. Quando volto para a rua é assim, tenho medo de perder a credencial. Deus me livre", disse ao G1, sentado embaixo do viaduto erguido sobre a Avenida Borges de Medeiros, uma das principais da capital.

A estrutura abriga, além de César, dezenas de outros moradores de rua diariamente. "Se perco isso, tenho de pagar quase o meu salário inteiro, tudo em dólares. Durmo, acordo e quando dá para tomar banho também não tiro. É como se fosse ouro”,afirma.

César Augusto Martins dorme embaixo de viaduto em Porto Alegre e não tira a credencial da Fifa do pescoço (Foto: Caetanno Freitas/G1)

fonte: G1

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